7 de setembro de 2010

Angela Ro Ro completa 60 anos e lança disco


Escândalo tem canções apresentadas em seu programa de televisão. Artista prepara novo CD e DVD autoral, com presença de convidados



Como não deixaram Angela Ro Ro fazer aniversário em 2008 – como reclama a cantora –, este ano ela resolveu comemorar 59 anos. “No ano passado, as reportagens diziam: ‘Angela, de quase 60 anos’”, recorda a irreverente cantora e compositora carioca, cuja maior decepção ao atingir o que já julgava ser a terceira idade foi descobrir que ainda vai ter de esperar cinco anos para ter acesso aos direitos básicos garantidos pela Constituição para aquela faixa etária. “Simbolicamente, são os 59 anos que não me deixaram ter, mas oficialmente são 60 mesmo”, comemora.




“Fiquei um pouco desiludida pelo fato de ter de esperar pela meia-passagem, meia-entrada no teatro ”, alfineta Angela Ro Ro, que aniversariou dia 5. Sem perder o escracho característico, porém um pouco mais séria, a cantora acredita que as pessoas já não estejam captando o seu deboche. “Sou tão cínica que já estão me achando boazinha”, dispara ao telefone, antes de sonora e deliciosa gargalhada. “O que eu quero é saúde e paz para trabalhar”, reivindica Angela, que está mandando para as lojas o CD Escândalo, com 18 áudios de abertura do programa homônimo que ela apresentou por duas temporadas seguidas (2004-2005) no Canal Brasil.



“A compilação ficou muito interessante, são pequenas faixas, como se fossem vinhetas, ideais para tocar em rádio, que não gosta de músicas muito longas”, garante. A artista salienta que se trata de um aperitivo para a série de DVDs do programa, que será lançada a partir de março, com direito às entrevistas dos convidados. A cantora, que gravou e apresentou 53 programas, interpreta todas as faixas acompanhada do tecladista e parceiro Ricardo McCord, que também assina os arranjos. O repertório privilegia canções do álbum Acertei no milênio, que Angela lançou em 2000, pela Jam Music.



Também há clássicos que se tornaram hits em sua voz, como Joana francesa e Gota d’água, de Chico Buarque; All of me, de Seymour Simons; Fica comigo esta noite, de Nelson Gonçalves, e Senza fine, de Gino Paoli, além daqueles de lavra própria, como Simples carinho, Fogueira e Quero mais. A única inédita na voz da intérprete de voz rouca e aveludada é As time goes by, de Herman Hupfeld, que ela cantava apenas por prazer.



Para o produtor Marcelo Fróes, do selo Discobertas, que está lançando Escândalo, Angela Ro Ro é e será cada vez mais reconhecida como uma das principais cantoras compositoras do século 20. “E ela tem tudo para ser também uma das grandes do século 21. Tive o privilégio de reeditar todos os seus primeiros discos pela Universal, em 2002, e agora de tê-la com um produto inédito no catálogo do Discobertas. O que falta a Ro Ro é fazer mais discos nos próximos anos, ainda que ela não deva mais nada a ninguém – com tudo o que já fez”. O produtor pondera: “Ao mesmo tempo que falta preparo a executivos e produtores para lidar com artistas de forte personalidade como ela, talvez tenha faltado a Angela paciência para lidar com as calhordices do mercado dos anos 1980 e 1990 e que, felizmente, já são página virada.”



Frejat, Ney Matogrosso, Fátima Guedes, Flávio Venturini, Leny Andrade, Fred Martins, Jorge Vercilo, Sueli Costa, Sandra de Sá. Lô Borges, Leila Pinheiro, Zé Rodrigues, Arrigo Barnabé, Francis Hime, Luiz Melodia, Jane Duboc, Alcione, Barão Vermelho, Zé Renato, Toni Platão. Beth Carvalho, Ritchie, Fafá de Belém e Celso Fonseca foram alguns dos convidados que passaram pelo programa Escândalo. A experiência na TV foi muito boa, segundo Angela Ro Ro. “Gostaria muito de fazer uma nova temporada”, avisa, admitindo que da próxima talvez ela fizesse o programa um pouco melhor, diante do fato de ter aprendido um pouco de TV.



Entre as entrevistas que mais marcaram a cantora-apresentadora durante as duas temporadas estão as de Zé Rodrix, “talvez por ele já não estar mais entre a gente. Foi muito divertida”, recorda do compositor, morto este ano. “Outra entrevista que me marcou imensamente foi a do Francis Hime. No fim chorei abraçando-o. Senti-me uma irmã mais nova, com aquele carinho dele, de irmão. Mas temos a Alaíde Costa, que é maravilhosa, o Moska, o Toni Platão”, lista, sem querer privilegiar alguém. “Na TV eu falava pelos cotovelos”, recorda Angela Ro Ro, que também cantava no programa.



UM JEITO BLUES DE VIVER



Os fãs terão de aguardar ainda um tempo para ter um disco de inéditas da Angela Ro Ro. “Estou atrás de patrocínio e gravadora para comemorar em 2010 os 30 anos de carreira fonográfica”, anuncia. Apesar da série de composições que vem fazendo com Ricardo McCord, Sandra de Sá e, mais recentemente, Ana Carolina, ela diz que se vai dedicar, primeiro, ao marco, com a gravação de um DVD e CD ao vivo. O primeiro disco da artista na verdade foi gravado em 1979. Simplesmente intitulado Angela Ro Ro, do repertório autoral constavam canções como Gota de sangue, Não há cabeça, Agito e uso e o grande sucesso Amor, meu grande amor.



O disco seguinte, Só nos resta viver, além da faixa-título, fez sucesso com a regravação de Bárbara, de Chico Buarque, e O meu mal é a birita, da própria cantora. Escândalo seria o terceiro disco, de 1981, numa alusão à grande exposição da artista na mídia, então acusada de agredir a namorada famosa. A faixa-título foi composta por Caetano Veloso. A carreira ascendente da compositora, no entanto, acabaria se estagnando a partir do momento em que ela começou a gravar uma série de álbuns de releituras de seus próprios clássicos. Entre os que ela pretende convocar para a comemoração de 30 anos de disco estão Frejat, Maria Bethânia e “tanta gente bacana que cantou a minha música”.



Entre as que ela ainda não gravou, provavelmente Malandragem, de Cazuza, entre no repertório. Atualmente, além do lançamento da coletânea Escândalo, Angela Ro Ro está na trilha sonora da novela Bela, a feia, da TV Record, com uma releitura toda particular de Me chama, do também polêmico Lobão. “Todos os discos me deram alegria, mas o primeiro é o que mais vende até hoje. É impressionante”, avalia, lembrando que o clássico Amor, meu grande amor, comparece em trilha de novela desde Água viva, de Gilberto Braga, até Caminho das índias, de Glória Perez, as duas da Globo. “Acho isso de uma felicidade e uma sorte muito grandes”, conclui.
 
Fonte: http://www.new.divirta-se.uai.com.br/html/sessao_19/2009/12/19/ficha_musica/id_sessao=19&id_noticia=18965/ficha_musica.shtml

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