23 de abril de 2011

Ângela Ro Ro - no projeto seis e meia em Recife

A mais cult das cantoras malditas

Angela Ro Ro, na marca dos sessenta e pouco, corpinho de quarenta, voz de vinte, continua a velha senhora-espetáculo. Na companhia, apenas, do escudeiro-pianista Ricardo McCcord, mostrou, para um Santa Isabel praticamente lotado durante a edição do projeto Seis & Meia da última quarta (13), que seu talento jazzístico nem tão cedo vai dar sinais de cansaço. Ela chega, mexe o cabelo, acaricia os lábios lascivamente com a língua e, pronto, seu olhar excitado diz que vai soltar a voz. Não precisa de muita lona para armar seu circo.
Durante uma hora e poucos minutos, a senhora Ro Ro fez mais com o auxílio de McCord (e de um IMac) do que muita cantora só faz sob o auxílio ou sombra de uma banda pomposa. Água mineral no lugar do uísque dos velhos tempos, quilos a menos e a mesma língua divertidamente ferina. Um show de Ro Ro, afinal, não é apenas a exuberância de nossa eterna mais cult das cantoras malditas.
É também, à sua maneira, um stand up comedy com hormônios na última potência entre um clássico do Chico, a dramaticidade de Jacques Brel (eletrizante sua interpretação de Ne me quite pas) e uma perolazinha do jazz retemperada à sua maneira. De grudar na memória sua recriação do clássico de Porter Night and day. Humor, enfim, não faltou. Nem contra si mesma: "A única coisa que a velhice me trouxe foi uma dor na lombar e um tesão danado aqui na frente. Sem falar que, depois de velha, dei para gostar de homem. Meu Deus!!!". Risos gerais.
Para uma fã mais exaltada, logo indentificada pelos gritos de “Simples carinho, simples carinho”, Ro Ro dedicou a interpretação da canção de Brel. Não, sem antes, uma declaração. "Gente, uma ninfeta dessa, eu não resisto. Se ela pula no palco, estou desvirginada!!!", disse para a tal fã, corpinho opulento como da Ro Ro de outros tempos e aquele jeito de quarentona bem vivida.
Além de inevitáveis e batidinhas “para cantar junto”, como Amor, meu grande amor, desfilou temas menos óbvios, pinçados de discos como Nosso amor ao armagedon e Acertei no Milênio. “Alô, produção, tô sem a chave do camarim. Procurem”, gritou do palco, antes de deixar a ribalta do nosso municipal.
Vendendo, literalmente, seu peixe, se mandou para o foyer do Santa Isabel para comercializar e autografar, ela própria, discos e DVS. E o circo se armou de novo. Tia Ro Ro é sempre um espetáculo.



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